14.10.09

Prólogo - O Ataque dos goblins

- Chega! Não aguento mais ouvir essa canção Dimian. É a milésima vez que você maltrata meus ouvidos com histórias de um orc caolho. Vai escurecer em pouco tempo e eu preciso me concentrar no caminho.

- Mas são versos novos, nunca os cantei para você Dab. Além disso, não é apenas um orc caolho, foi uma acirrada disputa entre dois irmãos pelo trono dos orcs, antes da grande guerra séculos atrás.

- Existem muitas outras pessoas nesta viagem e você escolhe justo eu para suas tagarelices? Procure alguém mais desocupado para suas histórias! - Vociferou o homem mais velho, com uma mão acariciando suas longas barbas brancas enquanto a outra segurava a rédea dos cavalos. Apesar da aparência senil, Dab não chegava a ser um ancião, era apenas um homem castigado pela vida de mercador em um mundo hostil.

Dimian, que tocava seu violão em um ritmo nada agradável, era um homem de aparência jovial. Talvez não passasse dos vinte anos, mas havia algo em seu olhar que revelava uma idade mais avançada. Sua descontração em relação à vida poderia explicar o aspecto jovem, mas não poderia ser só isso.

Os dois faziam parte de um grupo de mercadores que viajavam pelas terras de Allansia, em busca de objetos valiosos e boas negociações. Dab acreditava já estar perto da aposentadoria, com o acúmulo de uma quantia considerável de ouro em seus mais de trinta anos de andarilho.

O sol começava a se pôr sob a planície onde se encontravam. A trilha quase desfeita pelo tempo, tinha uma vegetação rala que não oferecia obstáculo aos viajantes. Eles passavam lentamente com seus cavalos e bois presos às carroças abarrotadas de quinquilharias que apresentavam um leve tilintar de metais.

Todos que empreendem jornadas em terras com poucas cidades civilizadas, sabem que cuidado e atenção aos detalhes são quesitos essenciais para a sobrevivência. Mas naquele final de tarde, não houve prudência por parte dos comerciantes. Não que eles fossem desatentos, mas criaturas perversas estavam à espreita e aproveitaram o momento certo para atacar.

Em um piscar de olhos, uma chuva de flechas cortou os ares perfurando a carne de homens e animais. Não houve tempo para que os da frente gritassem uma ordem de recuar para os que estavam atrás. Mesmo que eles ainda estivessem vivos antes que a segunda saraivada os atingisse, vários atacantes já tinham fechado o caminho de volta e deslizavam covardemente lâminas cegas em pessoas indefesas.

Os gritos selvagens daquelas criaturas atingiram Dab como se fossem o barulho de um trovão. A irritação que o acompanhou ao longo de todo o dia, finalmente ganhava uma explicação. Sua intuição já lhe dizia que algo terrível iria acontecer, talvez, por isso, ele estivesse mais preparado que os outros. Com um movimento de sorte fez seus cavalos correrem para fora da estrada. Ele não queria acreditar: era uma emboscada goblin.

2 comentários: